quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Amor através do tempo...


O amor nos tempos do cólera - Gabriel García Márquez

" Fermina Daza se despediu da maioria junto ao altar, mas acompanhou o último grupo de amigos íntimos até a porta da rua, para fechá-la ela própria, como era seu costume. Dispunha-se a fazê-lo com o último alento, quando viu Florentino Ariza vestido de luto no centro da sala deserta. Ficou satisfeita, porque há muitos anos o havia apagado de sua vida, e pela primeira vez tinha consciência de vê-lo depurado pelo esquecimento. Mas antes que pudesse lhe agradecer a visita, ele pôs o chapéu em cima do coração , trêmulo e digno, e arrebentou o abscesso que tinha sido o sustento de sua vida:
- Fermina - disse - esperei esta ocasião durante mais de meio século, para lhe repetir uma vez mais o juramento de minha fidelidade eterna e meu amor para sempre.
Fermina Daza teria se julgado diante de um louco(...) Seu impulso imediato foi maldizê-lo pela profanação da casa quando ainda estava quente no túmulo o cadáver de seu esposo. Mas foi contida pela dignidade  da raiva. 'Vá embora' , lhe disse. 'E não se deixe ver nunca mais nos anos que ainda lhe restarem de vida.' Abriu de novo por completo a porta da rua que tinha começado a fechar, e conclui:
- Que espero que sejam poucos."


"Tudo que era do esposo lhe atiçava o pranto: os chinelos de borlas, o pijama debaixo do travesseiro, o espaço sem ele no espelho da penteadeira, o cheiro pessoal dele em sua própria pele. Abalou-a um pensamento vago: ' As pessoas que a gente ama deviam morrer com todas as suas coisas.'"


Não consigo mais escolher só uma sentença....ficarão as duas....Uma história de amor lindíssima.

C.

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